terça-feira, 12 de junho de 2012

12 de Junho

Saímos do posto hoje pela manhã, a água já estava nas suas últimas gotas e a energia do gerador havia acabado. Pegamos muita água e comida enlatada que encontramos no porão que devem dar por um bom tempo.
Rodamos a cidade em busca de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo. Não podíamos ficar parados ou andar muito devagar ou aquelas coisas nos pegariam. Começou a chover enquanto estávamos andando e isso nos favoreceu bastante diminuindo o barulho do jipe. Passamos por muitos lugares onde antes eram a esperança das pessoas, como hospitais, por exemplo. Mas nada se via além de caos e uma total desordem na cidade. As ruas estão uma bagunça, carros abandonados batidos contra diversos estabelecimentos e locais de trabalho, lixos por toda parte, restos de roupas deixadas às pressas por pessoas tentando fugir, muito sangue espalhado, e por aí vai. Um cenário cinematográfico mesmo. Já me perguntei diversas vezes se tudo isso está acontecendo de fato, se não vou acordar a qualquer momento e estar na cama de minha casa. Quem dera.
Percorremos uma boa parte da cidade e nos instalamos em uma escola. Talvez tenha sido uma escolha ruim, pois ver todas essas salas com materiais escolares e todo esse clima de seriedade  provoca uma sensação de vazio dentro de você. Onde antes era um local de ensino e alegria para as crianças hoje nada mais é do que um local sem importância nenhuma que ficará deserto para sempre. Nenhuma criança irá sentar-se em uma destas classes novamente. É algo que meche com você. Nosso planeta está sendo dizimado e não há nada que possamos fazer para parar.
Estamos no terraço agora, tomando alguns refrigerantes quentes que pegamos do posto e conversando sobre o destino de cada um. Contei-lhes que meu plano inicial era ficar sozinho, mas que me sentia bem com eles ali comigo. Chrissy confessou a mesma coisa. Doug foi neutro, só falou uma frase: “O que tiver que ser será.” Achei boba e brega, mas não falei nada, só revirei os olhos e dei uma risadinha para Chrissy.
Vamos aproveitar que a chuva parou e a noite está agradável e dormiremos aqui em cima, é mais seguro do que lá em baixo. Pegamos alguns colchonetes que encontramos no ginásio, o que é um luxo para nós, e mais tarde bloquearemos a porta.
Essa escola me traz lembranças que se tornaram engraçadas em meio a esse apocalipse. “Acredite nos seus sonhos”, “vocês serão o futuro do mundo”, diziam. A não ser que eles estivessem se referindo aos zumbis, acho que estavam errados.

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