segunda-feira, 11 de junho de 2012

11 de Junho

Hoje faz 1 mês. 1 mês que tudo isso começou. Não dá para acreditar na rapidez com que esse vírus se espalhou e infectou as pessoas transformando o mundo em que conhecíamos nessa verdadeira bagunça monstruosa. Eu fico pensando no que eu estaria fazendo nessas horas em circunstâncias normais. Talvez assistindo televisão, vendo um filme, tomando um café, talvez estivesse na internet vendo as atualizações dos amigos nas redes sociais, vendo se alguém me deixou um recado, comentou alguma coisa sobre mim... Coisas tão mundanas e bobas que parece que isso aconteceu há anos. Lembro-me de como costumava reclamar sobre a vida, reclamar do tédio de sábado à noite e de todas as coisas chatas do dia-a-dia. Hoje eu daria um braço para voltar a ter tudo aquilo, minha casa, meu carro, meu emprego chato, meu dinheiro, meus amigos, minha televisão, minha cama... coisas bobas, insignificantes e sem valor. Hoje estamos aqui neste posto, que está sendo ótimo, de verdade, dormindo no chão, economizando tudo, passando a maior parte do tempo pensando no que fazer no dia seguinte.
Doug disse que nesta hora estaria fechando a loja e indo para casa tomar um banho e jantar com sua família. Chrissy é meio quieta para este tipo de coisa. Ela é um mistério, e para mim está ótimo, contanto que não seja alguém querendo me jantar.
Nossos dias nesse posto estão acabando. Provavelmente amanhã sairemos daqui. Estamos levando tudo o que julgamos necessário, a não ser pelo notebook, é claro, que para eles não tem por que eu ficar levando. Na verdade Chrissy sempre me lança um olhar que me apavora quando o pego para escrever. Ela não vê sentido em ficar escrevendo, sendo que não tem uma pessoa no mundo que verá isso. Mas já cansei de explicar que isso é uma terapia para mim, poder contar tudo que me acontece sem ninguém ficar julgando. Para mim é importante, além do mais me mantém ocupado, ficamos muito tempo sem fazer nada e isso é de dar nos nervos.
Perguntei para eles se nos manteríamos unidos. A resposta foi um olhar embaraçoso entre os três e uma conclusão confusa. Mas pelo que percebi eles querem que nos mantenhamos juntos, afinal é mais chance de sobrevivermos. Agora só falta acharmos um propósito para ir atrás.
Não tenho muito que escrever, pois estamos aqui dentro sem muita opção do que fazer e estamos aproveitando o tempo para descansar antes de sairmos novamente. Não sabemos o que nos aguarda lá fora desta vez e estamos bem no meio da cidade. Definitivamente não podemos ficar aqui.

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