sexta-feira, 8 de junho de 2012

08 de Junho


Merda. Mas que merda! Eu sabia, sabia desde o começo que esse negócio de forte não daria certo! Agora o que me adiantou ficar com eles? Qual foi o propósito, agora que estou com essa cena horrível na minha mente? Que ódio!
Ontem realizamos uma reunião para decidir o que faríamos com os zumbis lá fora. A princípio ficou determinado que juntássemos nossas coisas para partirmos de lá, abrindo fogo em todo zumbi ferrado que encontrássemos, porque se acabássemos com aqueles zumbis e permanecêssemos ali, certamente não seria uma boa escolha, considerando o barulho que as armas fariam, só atrairia mais e mais deles. A decisão parecia ser a única cabível naquele momento, pois já eram mais de 50 zumbis do lado de fora dos portões e era só uma questão de tempo até conseguirem derrubá-lo e entrar. O problema é que ninguém esperava que acontecesse tão cedo.
Enquanto as pessoas arrumavam suas coisas para partir, aqueles bastardos derrubaram o portão e começaram a entrar, um após o outro. Parecia não ter fim. Quando as pessoas correram para pegar as armas já era tarde para alguns, foram mortos ali mesmo, bem na frente de suas famílias. Eu fiquei em cima do muro junto com Doug, Chrissy e Nicolas, era nossa hora de vigiar novamente e de lá pudemos acabar com alguns deles antes que atacassem mais pessoas. Mas aqueles infelizes continuavam vindo! Nicolas, vendo sua família lá em baixo totalmente vulnerável, saltou do muro para protegê-los, acabou machucando o tornozelo e quando vi já havia dois em cima dele. Quando os matamos não adiantava mais, Nicolas já havia sido mordido e estava agonizando aos olhos de sua esposa e filha, que prefiro nem descrever o que aconteceu. Deus do céu! Que porra de cena!
E assim foi com quase todos. Para onde eu olhava, era só sangue e aquele barulho horrível de pessoas sendo devoradas. Apesar de atirarmos sem parar, não foi o bastante para deter essas criaturas a tempo. Muitos erraram os tiros por conta do desespero, outros atiravam no peito e em outras partes do corpo, o que não impede aquelas coisas de continuar vivas, e teve ainda pessoas que atiraram em si mesmas, preferindo morrer do que lutar e acabar mordido e transformado em um deles. Peter foi um desses, ele já tinha problemas com a lucidez e não pensou duas vezes ao tirar a própria vida, ao contrário de Pablo que lutou até o último segundo. Sabíamos que os zumbis causavam um ódio sombrio e mortal em Pablo, mas ninguém sabia direito o motivo, imagino que deve ser por causa da maneira como perdeu sua família. Ele foi para cima daqueles zumbis como se eles fossem bonecos de pano. Eventualmente acabou morto minutos depois. O facão com o qual ele os atacava ficou preso em um deles e aquilo o distraiu por alguns segundos, tempo suficiente para acabarem com ele pelas costas.
Talvez a morte mais chocante que vi foi a de Martha. Pobre senhora! Quando viu que não tinha mais jeito de se salvar, ajoelhou-se no chão e começou a rezar. Quase pulei para ajudá-la, mas vi que seria suicídio certo. Depois disso só me lembro de ver um de seus membros sendo arrancado, e nisso lágrimas caíram de meus olhos.
Ninguém pode imaginar o que é ver isso. Pessoas sendo mordidas, mortas, estraçalhadas na sua frente e você não pode ajudar ou vai acabar morrendo daquela forma horrível também. Foi sem dúvida a pior sensação da minha vida testemunhar aquilo. Foi como se alguém me destruísse aos poucos por dentro, e isso que eu nem conhecia direito aquelas pessoas, imagine se fosse minha família...
Chrissy, Doug e eu ficamos salvos em cima do muro. Pudemos ver Marko saindo com mais 3 pessoas em um jipe, acredito que as únicas que restaram. Ainda havia sobrado um jipe e algumas armas deixadas para trás. De cima do muro conseguimos acabar com todos, quase 15 minutos depois. Chrissy tinha algumas pistolas escondidas na jaqueta, o que foi vital para nossa sobrevivência. Descemos do muro, pegamos as armas que encontramos, subimos no jipe e fomos embora de lá, estava quase anoitecendo e procuramos um lugar para ficar. Encontramos um posto de gasolina, o revistamos e estamos aqui até agora. Eu estava muito abalado para escrever ontem, e ainda estou, mas preciso continuar anotando tudo. Isso é quase que uma terapia para mim nesses tempos tão cruéis.
Amanhã escrevo o que faremos. Para mim, este posto parece ótimo.

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