quinta-feira, 24 de maio de 2012

24 de Maio


Que barulho do inferno. Um deles me ouviu quando fui até o carro ontem. Assim que saí da garagem ouvi batidas incessantes na porta. E continua.
Uma dessas coisas está lá desde ontem, batendo, incansável. Não sei se dormi noite passada. Não me lembro. Se dormi, foi pouco. Aquele barulho irritante e o medo daquela coisa entrar aqui e me ferrar está me deixando louco. Não consigo me concentrar em outra coisa. Preciso fazer alguma coisa para ter um pouco de sossego novamente. Também não posso simplesmente sair e dar um tiro em sua cabeça. Os que estão na rua irão me ver e o barulho vai atrair ainda mais deles. Preciso bolar alguma coisa para acabar com ele sem ser visto e sem fazer barulho. Mole mole. Como se eu fosse um ninja também.
Além disso, meu amigo mandou-me uma mensagem há poucos minutos. Disse que agora só resta um dos feiosos, como ele chama, na casa. Presumo que o outro foi embora, frustrado, por não achar ninguém para fazer sua humilde refeição. Disse também que encontrou um pedaço de metal no guarda-roupa, aquele em que se penduram as roupas, e vai tentar abate-lo. A ideia parece boba, admito, mas nessas circunstâncias é tudo o que lhe resta. Dois dias trancado em um espaço tão pequeno, com apenas o pouco de água que guardava no quarto e um celular inútil nesta ocasião. Some isso ao fato de não poder ir ao banheiro. Eu faria o mesmo. Só me resta esperar notícias.
Paciência nunca foi meu forte. Não gosto deste sentimento de incapacidade. Estou me odiando pelo fato de não poder fazer nada por ele. E se acontecer o pior? Nunca vou me perdoar. Sei que não posso fazer nada, mas o peso disso vai me derrubar. Melhor não pensar nisso neste momento.
Preciso me concentrar no meu problema. Se eu não acabar logo com isso, as batidas chamarão a atenção de outros, aí sim terei problemas.

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